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Segurança na Internet
RESUMO
Este artigo tem como tema a segurança na Internet, fazendo uma exposição inicial dos principais mecanismos, protocolos, programas e teoria matemática que servem como base para a protecção dos sistemas. Segue-se posteriormente a identificação das principais ameaças até agora identificadas e os esforços que têm sido feitos para garantir a integridade das diversas máquinas espalhadas pelo mundo e interligadas através da Internet. Os assuntos são analisados de uma forma simples, sem exigir ao leitor grandes conhecimentos sobre Informática. Pretende ser assim um artigo acessível a todos, sem contudo descorar o rigor e veracidade dos factos discutidos.
encriptar as mensagens que circulam na World Wide Web (WWW ou Web) e a detectar intrusões nos computadores, tanto pessoais como comunitários, não deixa de ser tão verdade que o aumento da capacidade de processamento das máquinas e grau de destreza dos piratas informáticos tem acompanhado este ritmo de crescimento [1]. Em adição a estes pontos, não esquecer que os negócios envolvendo a segurança na Internet têm vindo a ser cada vez mais lucrativos, tanto para o lado dos que combatem as protecções como para o lado dos que trabalham para defender as redes. Inúmeros hackers são bem remunerados por toda a informação que conseguem extrair de entidades privadas, enquanto as empresas de anti-vírus lucram com todo o software produzido cada vez mais necessário para evitar problemas de maior, citando apenas alguns exemplos [14].
Termos Gerais
Segurança, Fiabilidade, Factores Humanos.
Palavras-chave
Segurança, Internet, Encriptação
1. INTRODUÇÃO
A segurança no meio virtual tem vindo a ganhar uma maior relevância ao longo do tempo e sem dúvida de que é hoje um dos tópicos que mais curiosidade e interesse desperta entre os profissionais da área das comunicações na Internet. Com a Internet a tornar-se um meio indispensável de comunicação entre instituições espalhadas por todo o globo, uma das primeiras preocupações é proteger a integridade deste enorme volume de tráfego, muitas vezes transportando informação vital e secreta que não deve nem por ser visualizada por qualquer indivíduo [14]. Certamente ninguém se sentirá seguro sabendo que os seus dados bancários são do domínio público e poderão ser utilizados por desconhecidos. Para além disso, o número de utilizadores que não dominam a área de segurança na rede também vindo a aumentar exponencialmente e, consequentemente, aumentando em muito o número de alvos fáceis e vulneráveis para os piratas informáticos mais experientes. Deste modo, torna-se importante criar procedimentos inerentes à Internet de modo a proteger todos os seus utilizadores, mesmo que muitas vezes estes nem sequer se apercebem do que está a acontecer por detrás do envio de um simples e-mail. Se por um lado temos mecanismos cada vez mais exímios a Permission to make digital or hard copies of all or part of this work for personal or classroom use is granted without fee provided that copies are not made or distributed for profit or commercial advantage and that copies bear this notice and the full citation on the first page. To copy otherwise, or republish, to post on servers or to redistribute to lists, requires prior specific permission and/or a fee. Comunicação Técnica, January 17, 2011, Coimbra, Portugal. Copyright 2011 Ivo Correia.
Figura 1. Aumento do número de utilizadores de um serviço de mensagens instantâneas entre 1999 e 2009 Assim, neste artigo, irei fazer uma análise do funcionamento da Internet, de modo a poder dar o salto em direcção às principais ameaças existentes e os mecanismos implementados de prevenção e detecção de falhas de segurança. Começarei por uma breve exposição sobre o que realmente é a Internet e a Web, incluindo os protocolos de comunicação mais comuns, para depois entrar no campo da encriptação. Aí, irei apresentar os principais pontos que estão na base da segurança presente no mundo virtual. Uma vez analisadas as bases, procederei para a apresentação dos protocolos criados, assim como uma observação dos perigos presentes na rede e os esforços que têm sido feitos para os combater, com o intuito de garantir estabilidade e fiabilidade das incontáveis transacções que diariamente se realizam através da Internet.
2. INTERNET 2.1 Significado
O termo ‘Internet’ intrometeu-se no nosso vocabulário com uma facilidade espantosa e hoje em dia ninguém estranha ao encontrá-
lo na literatura moderna. Contudo, tal como tantos outros termos técnicos, o seu real significado é muitas vezes desconhecido e acaba-se por usar a palavra de uma forma inadequada. Define-se uma intranet como um agregado de computadores ligados entre si, todos pertencentes à mesma organização ou entidade, sendo que a rede é de dimensões reduzidas e apenas permite entrada a membros dessa organização ou outros indivíduos que apresentem a devida autorização [2]. Como exemplos de intranets, podemos mencionar um dada empresa ou mesmo uma habitação particular que contenha mais do que um computador pessoal. Uma internet é o conjunto de duas ou mais intranets que consigam comunicar, não tendo necessariamente de estar em localizações físicas próximas. Deste modo, generalizou-se o termo Internet, com o ‘i’ maiúsculo, para se referir ao vasto conjunto de todas as internets existentes. Assim, a Internet não é nada mais do que o grupo formado por todas as redes, computadores independentes (muitas vezes referidos como hosts, anfitriões em português), numa arquitectura descentralizada que permite aos clientes acederem aos diversos serviços online [2].
eram aqueles que acreditavam que o projecto viria a ter o sucesso que alcançou. Deste modo, não foram tomadas medidas de segurança e a informação viajava livremente, sendo que o acesso a todos os terminais era facilmente concedido. Foi a 2 de Novembro de 1988 que o tema da segurança ganhou força, quando Robert T. Morris soltou o primeiro worm (um programa informático com intuitos nefastos, semelhante aos conhecidos vírus informáticos) na rede, infectando centenas de hosts e lembrando aos especialistas que a Internet não mais estava restringida a pessoas que apenas procuravam construir, mas também se encontrava aberta àqueles que desejavam espalhar caos e destruição [1]. Desde então, a quantidade e qualidade dos ataques tem vindo a aumentar, muitas vezes recorrendo a esquemas simples mas que facilmente ludibriam a maior parte dos utilizadores assíduos da Internet, muitos deles poucos informados sobre os riscos que podem correr.
3. WWW
Um outro conceito associado à Internet é a World Wide Web, normalmente abreviado por WWW ou simplesmente Web. É frequentemente usado, de uma forma incorrecta, como sinónimo de Internet. Convém reforçar que enquanto a Internet é constituída por todas as ligações físicas (e.g., cabos ou ligações wireless) e pelos próprios terminais, a Web define-se como o conjunto de todos os serviços online (e.g., páginas Web) que estão guardados e a funcionar nesses computadores, recorrendo aos canais disponibilizados pela Internet para permitir a comunicação entre aplicações. Para realizar esta comunicação, a Web assenta sobre um protocolo apelidado de Hypertext Transfer Protocol (HTTP), discutido na próxima secção. Quer a Web quer o HTTP foram planeados pela mesma pessoa, Tim Berners-Lee, no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), Genebra, Suíça, desenvolvidos com o intuito de permitir a fácil e rápida troca de dados entre os físicos que trabalhavam no complexo [1].
2.2 Criação e Desenvolvimento
Uma vez entendido o seu significado, podemos olhar um pouco para a história da Internet e como esta evolui até aos dias de hoje. Os primeiros computadores a aparecerem realizavam tarefas relativamente simples, eram de grandes dimensões e trabalhavam independentemente uns dos outros. Não havia redes que os interligassem e consequentemente, as ameaças exteriores eram mínimas [3]. À medida que as potencialidades dos computadores forem sendo amplificadas, depressa se constatou que era necessário abandonar a velha arquitectura de um sistema centralizado e partir para uma abordagem distribuída, onde os terminais deixassem de operar sozinhos e passassem a trabalharem em conjunto. Foi assim que, através de um projecto inicialmente financiado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos por volta de 1960, aparecerem os primórdios da Internet. O projecto, nomeado ‘The Defense Advanced Research Projects Agency Program Internet’ (DARPA Internet) tinha como intenção construir uma rede que permitisse suportar falhas na rede telefónica, evitando a existência de nós que exclusivamente suportassem parte da ligação e que, em caso de falha, isolassem as duas redes com as quais funcionava de ponte. À medida que o projecto foi crescendo, deixou de pertencer unicamente ao meio militar e o meio académico começou a intervir e a dar o seu contribuo. Depois de alguns anos a viver escondido da sociedade, o programa DARPA transformou-se na ARPANET, um rede com pouco mais de 560 terminais que, ao ganhar maiores dimensões, se transformou no que hoje conhecemos por Internet [4]. Convém neste ponto frisar que diversos problemas existentes na actualidade têm como origem a concepção inicial da ARPANET. Este rede foi projectada essencialmente para o meio académico, onde todos colaboravam e tinham objectivos comuns. Poucos
3.1 Hypertext Transfer Protocol (HTTP)
O Hypertext Transfer Protocol é um protocolo de pedido e resposta que permite a comunicação entre os clientes (muitas vezes os browsers para visualização das páginas Web) e os servidores Web, servindo de base da WWW, tal como já foi referido na introdução desta secção. O protocolo assenta sobre quatro tipo de mensagens fundamentais, cada qual com a uma função própria. Recorrendo aos URL (Uniform Resource Locator, uma ...